Você já sonhou caindo da cama? Se
sim, a sensação de medo que surge ao imaginar que de fato, você esteja caindo,
faz com que acorde com coração palpitando em ritmo acelerado, e querendo sair pela boca.
Está é a mesma sensação que Grace, digere dia-a-dia em uma rotina perfeita. A
perfeição é realmente um prato delicioso de se degustar?
Existe mesmo uma perfeição? Que
preço pagamos por ela?
O livro traz uma verdade nua e
cruel embrulhada entre jantares milimetricamente calculados, em uma esposa
amável, que cozinha, pinta, costura, que não é ligada à internet ou parafernálias
digitais. Ela dedica a vida em prol de uma união tranquila, e o bem-estar de
uma irmã que possui síndrome de down. Entre quatro paredes narra nas
entrelinhas um pedido de socorro que somente quem de fato está prestando
atenção é capaz de notar.
Quantas vezes você se calou pelo
medo de como as suas palavras poderiam soar? Quanto abuso psicológico você
suportou para não ser taxada de louca? Quantas de suas vontades suprimiu por
medo de que se mais gente descobrisse, iria te julgar ao invés de te apoiar?
Quando você vai em uma festa, e
repara em cada detalhe, desde a decoração ao uniforme do garçom, consegue de
fato ver além do que as aparências lhe mostram? Consegue sentir a verdadeira
felicidade do anfitrião? Ou nem se quer nota que tudo pode ser maquiagem para
um cenário não tão poético e que possui camadas e camadas de peso emocional
absurdamente letal?
A lição que esse livro me trouxe
é que de fato não existe a perfeição, e que para nossa própria sobrevivência,
não devemos deixar de lutar, e tão pouco de confiar que a luz ao final do túnel
irá surgir, e que quando de fato ela aparecer, significa que vamos precisar
pular do trem, mesmo que em movimento. Se nos sobrar alguns arranhões?
Tudo
bem, poderemos curá-los e seguir em frente, mas se continuarmos a viajar, mesmo
que em uma “zona de conforto”, forjada pelo medo de encarar de fato mais que
simples arranhões, então estaremos dando ao nosso opressor, o poder sobre
nossas vidas, vida está que de fato já está ceifada, mesmo que continuemos a
respirar.
O meu opressor pode ser um namoro
abusivo, um sonho boicotado, um pai severo, um marido machista, uma amiga
tóxica, uma sociedade que julga, o próprio medo. Seja qual for o seu, eu lhe
convido a ler entre quatro paredes, e encontrar na força de Grace algo para
continuar a buscar a sua luz ao final do túnel, e mesmo que pareça impossível,
não desista da sua vida.
Resgate as suas forças e busque ajuda, mesmo que tudo
estiver perfeitamente em ordem do lado de fora, enquanto a paz não vier de
dentro, você jamais estará vivendo de verdade.
Defino entre quatro paredes, como
um pedido de socorro.
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